Qualquer pessoa que se dedique a uma atividade artesanal depara-se rapidamente com a inexorável espessura do tempo. Na pequena escala de produção que é a dos artesãos, o tempo que passa assume uma materialidade que dificilmente chega a ser pressentida noutros contextos de trabalho, embora esteja inevitavelmente presente em todos eles, e isto acontece porque o artesão cobre muitas vezes toda a cadeia de produção e é em geral o único responsável pela execução de peças do princípio ao fim do processo ou o supervisor de uma pequena cadeia de produtores. Nos alvores do movimento Arts and Crafts em Inglaterra, John Ruskin encarava o trabalho manual e artesanal como um ideal de trabalho dignificante, por oposição ao trabalho fabril em que a segmentação de tarefas produzia uma forma de alienação do trabalhador, que perdia assim não só a noção do todo como a noção do tempo. No passado dia 17 de maio, na última sessão das Creative Mornings do Porto, a Alice Bernardo fez a apresentação do seu Saber Fazer (um projeto dedicado à formação …