Zen and the Art of Machine Knitting
“A vontade tem que ser escondida se não mata o nervo vital do que se quer.” (Clarice Lispector) Trabalhar com uma máquina de tricotar, qualquer máquina, implica um processo de aprendizagem complexo que leva o seu tempo até atingir o ponto em que o operador e a ferramenta funcionam como uma única entidade, chegando a uma espécie de osmose. É, no fundo, um processo de concentração, de abertura à concentração, que em si é um fenómeno complexo e paradoxal porque implica ao mesmo tempo tensão e relaxamento, presença e ausência. No clássico O Zen na Arte do Tiro ao Arco, obra de um professor de filosofia alemão – Eugen Herrigel – publicada em 1948 e que descreve a sua experiência de aprendizagem de uma técnica japonesa específica de tiro ao arco, a ideia central é a de que através do exercício persistente, qualquer atividade física passa a ser executada sem esforço mental e físico, como se o nosso corpo treinado fosse capaz de executar movimentos complexos e difíceis sem o controlo consciente da mente. Ao …