Acerca de/About

Oficina das Malhas é um projeto construído em torno de uma máquina de tricotar e de muitas ideias prometedoras, inconsequentes, irrealizáveis e algumas, finalmente, concretizadas.

Para quem tricotava à mão desde pequenina – uma das minhas primeiras recordações felizes mostra-me numa tarde solarenga a tricotar junto à minha mãe e à minha tia ao som da rádio – tricotar à máquina começou por parecer uma ideia estranha que rapidamente se transformou numa promessa de projeto profissional, depois de muitos anos a trabalhar num meio completamente diferente, o meio editorial.

Depois de uma aprendizagem intensa, de tentativas frustrantes e descobertas inesperadas, fui percebendo que a máquina de tricotar oferecia uma série de vantagens, a maior das quais era naturalmente a rapidez do processo, quando comparado com o tricotar à mão, embora, para meu desconsolo, a morosidade dos acabamentos fosse praticamente a mesma.

O uso exaustivo destas ferramentas nas casas de muitas mulheres portuguesas que delas tiraram o seu sustento durante as décadas de 70, 80 e 90, deixara o tricotar à máquina inexoravelmente ligado a um conceito de tricô semi-industrial, de pouca qualidade e gosto duvidoso. No entanto, tal como para tricotar à mão, pode recorrer-se a fios e fibras da melhor qualidade, testar pontos de fantasia e padrões de jacquard, jogar com a estrutura das peças, calcular medidas e apurar proporções. Enfim, uma canseira!

Se tiverem curiosidade em saber o que se vai passando pela Oficina, poderão encontrar novidades por aqui, ideias de projetos para tricotar à mão e outras notas avulsas sobre tricô, croché, vida de família e até poderá haver notas ocasionais sobre comida!

Maria David Castro

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Oficina das Malhas – Knitting Workshop – is a project built around a knitting machine and a lot of promising, inconclusive, undoable and – last but not least – some actually produced ideas.

For someone who knitted from an early age – one of my fondest childhood memories shows me on a sunny afternoon knitting along my mother and aunt to the sound of the radio – machine knitting began by feeling like a strange idea that quickly morphed into the promise of a professional project, after many years working in a completely different environment: publishing.

After an intensive learning period, frustrating experiments and unexpected discoveries I’ve realized the knitting machine offered a series of advantages, namely the speed of the process, particularly when compared to hand knitting, although –  much to my dismay – the lengthy finishing procedures were still there.

The exhaustive use of these tools in the homes of so many Portuguese women who made a living from it during the 70s, 80s, and 90s gave machine knitting as a business the bad reputation of being a semi-industrial, generating a poor quality and poor taste output. Yet, just like with hand knitting, you can use the best yarns, the finest quality fibers, you can test different stitches and Fair Isle patterns, play with garment structure, calculate measurements and improve proportions. In short: a tiring business!

If you’re curious to know about what is going on in the Workshop, here you can find news, pattern ideas for hand knitting and other random notes about knitting, crochet and family life and there might even be the occasional post on food!

Maria David Castro

11 Comments

  1. Márcia Trindade says

    A minha mãe tem uma passap com 28 anos, chegou a ter uma sociedade de confecção de malhas. Durante uns anos a máquina parou, mas está de novo no activo. Gostamos muito de vestidos, casacos… Vamos ficar de olho neste projecto. Parabéns pela iniciativa

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  2. Sílvia Perloiro says

    Partilho a sua nostalgia, aprendi o gosto pelas malhas com as mulheres da minha família nas longas tardes de verão em que a conversa fluía e se preparava o inverno tricotando camisolas inspiradas nos modelos das 100 idées . Conheci também de perto a realidade que descreve relativa à atividade das tricotadeiras. No ano passado aventurei-me e comprei uma Passat de 2 leitos e delicio-me a tricotar mantas para bébé no entanto tenho dificuldade em comprar fio fino de boa qualidade para utilizar na máquina. Vou visitando o seu espaço, felicidades!
    Sílvia

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    • Que bom, Silvia.
      Visite esta loja http://www.shop.saberfazer.org/ onde poderá encontrar um fio fino para máquina.
      É uma aposta recente da Alice Bernardo e sei de quem tenha já experimentado tricotar à máquina com ele (estou a falar do fio chamado Lupa) e tenha aprovado.
      Vou partilhando aqui as minhas experiências para que possamos trocar informações.

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  3. Angelina Novo says

    Parabéns pela iniciativa. Vou passar a acompanhar o seu blog pois adoro tricot e gostei da sua escrita. Também gostava de aprender a trabalhar em maquina de tricot (sou viciada em tricot á mão) e já andei a ver maquinas, mas como não percebo do assunto, decidi adiar o projecto para quando me reformar…

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    • Bom dia, Angelina.
      A aprendizagem pode ser longa mas se souber tricotar à mão há muito do que já sabe que poderá aproveitar.
      Vou dando notícias. Um abraço!

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  4. Clara Viana says

    Parabéns por esta Oficina das Malhas!
    Herdei ontem uma Singer Chantelaine dos anos 60 em perfeito estado de conservação e com todas as suas peças. A pessoa queria desembaraçar-se dela e eu não me fiz rogada em trazê-la para casa.
    A vontade de aprender a tricotar à máquina é agora mais que muita!
    Não haverá algum sítio no Porto onde alguém possa dar uma pequena formação de como trabalhar com este tipo de máquinas manuais? A Oficina das Malhas não terá essa ideia em vista?!
    Obrigada !

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    • Olá, Clara!
      Que sorte, uma máquina caída do céu!
      Infelizmente ainda não me sinto tão à vontade com a máquina que pense em dar formação. Talvez mais para a frente.
      Entretanto se quiser aprender tem aqui no Porto uma equipa de luxo, a D. Linda Bessa e o marido, Sr Joaquim Bessa, dirigem há város anos uma casa na Rua Faria Guimarães, 105.
      Os contactos telefónicos são 225 095 697 ou 919 959 541. Além da formação orientada pela Linda Bessa, o marido também dá apoio técnico e as máquinas estão sempre precisar de algum acerto (acessórios, limpeza, afinações). São pessoas extremamente sérias e competentes. Não lhe podia recomendar melhor.
      Se calhar ainda nos cruzamos um dia destes por aqueles lados.
      Um abraço,
      Maria David

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  5. Adoro o seu blogue!
    Obrigada pela clareza de pensamento e pelo acutilante sentido crítico. Simples e directo.
    Quanto ao tricot – sou fã incondicional das agulhas, não há volta a dar.
    Sem dúvida que vou acompanhar o seu trabalho! Muitos parabéns e votos de felicidade e sucesso!*

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